A Heineken admitiu, pela
primeira vez, que está em negociações para a compra dos ativos da Brasil Kirin.
Conforme adiantou o Estado, as negociações ocorrem desde julho de 2016. Agora,
segundo fontes de mercado, o acordo poderia ser fechado nas próximas semanas.
No comunicado, porém, a
Heineken afirma que, embora as conversas existam, não há garantias de que o
acordo sairá. Em nota sobre o assunto, a Kirin informou que “está revisando
todas as opções relacionadas a uma potencial transação” envolvendo o Brasil.
Pessoas próximas ao
negócio esperam que a japonesa Kirin, que pagou mais de R$ 6 bilhões para ficar
com as marcas e as fábricas da Schincariol entre 2010 e 2011, saia do Brasil
com forte prejuízo. A expectativa é que o valor pago pela Heineken seja pelo
menos 50% inferior ao desembolso de seis anos atrás.
Depois da compra pela
Kirin, as antigas marcas da Schin perderam participação de mercado. A operação
brasileira passou a consumir caixa e levou a Kirin Holdings ao primeiro
prejuízo global desde sua fundação. Por isso, mesmo com a expectativa de
perdas, a ordem da matriz seria sair do Brasil.
Desafios
A avaliação de
especialistas, porém, é de que a Heineken enfrentaria desafios de
posicionamento e distribuição no País ao ter de “digerir” a Kirin. Por isso,
concorrentes Ambev e Petrópolis poderiam ser beneficiados pelo negócio.
Apesar de a Heineken
ganhar abrangência com a eventual aquisição, analistas avaliam que o negócio
não afetaria a concorrência no setor cervejeiro de forma significativa.
Juntas, Heineken e Kirin
deteriam cerca de 18% do mercado, segundo dados Nielsen. Passariam a ser a
segunda maior cervejaria atuante no Brasil, deixando para trás o Grupo
Petrópolis, com 15%. Na liderança absoluta, a Ambev seguiria com seus mais de
65% de participação. Esses números, porém, consideram que a Heineken consiga
reter toda a fatia da Kirin após o negócio.
Fontes do mercado dizem
que a Kirin vinha reduzindo preços de suas marcas de massa na tentativa de
recuperar vendas. A aquisição poderia representar o fim dessa “guerra de
preços” no setor, segundo o Itaú BBA, o que poderia ser positivo para a líder
Ambev.
Com a aquisição, a
holandesa somaria às suas seis fábricas no Brasil as 12 detidas pela Kirin.
Ganharia espaço sobretudo na região Nordeste, onde a marca Schin tem presença
mais forte.
Estadão
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