Caueh, potiguar de 12 anos, vai ser jogador do Cruzeiro de Minas
“Alô, professor Marcos Pintado? O senhor lembra do Nonato, lateral-esquerdo? Lembra do Sandro, ex-ABC? Você tá lembrado mais recentemente de Wallyson? Agora nós temos o ‘Caueh’ do Rio Grande do Norte também”. A ligação foi feita pelo professor de geografia Carlos Alex para o treinador Marcos Pintado, do clube da Cosern, ainda nas estruturas da Toca da Raposa, em Belo Horizonte, para contar que o filho, Caueh Alex, de 12 anos, passou nos testes do Cruzeiro no mês passado e fará parte das categorias de base do clube a partir de 2017. Para isso, remeteu aos craques potiguares que vestiram com sucesso a camisa celeste em tempos recentes.
Foi, ao todo, cerca de um ano e meio de monitoramento do clube mineiro com o jovem atleta potiguar. Volante, Caueh chamou a atenção de um olheiro da Raposa que estava em Natal em outubro de 2015 em um treino a convite do seu agora ex-treinador Marcos Pintado.
No mês seguinte, ele partiu para Belo Horizonte e foi aprovado no primeiro teste. Como tinha, na época, apenas 11 anos, não poderia permanecer nos alojamentos do clube na capital mineira. Por isso, seguiu treinando em Natal, mas precisaria retornar pelo menos duas vezes por ano para BH para passar uma semana sendo acompanhado de perto pelo técnico Leonardo, da base do clube.
Cerca de 5 mil atletas foram monitorados neste período. De total, 24 deles, apenas, ficaram para compor o grupo cruzeirense. Caueh está entre eles. O volante, inclusive, chegou a receber convite do Santos neste período, mas, como já estava sendo monitorado pelo Cruzeiro, recusou a possibilidade.
A partir de 2017, a vida do jovem potiguar será em Belo Horizonte. E não só a dele. Caueh só pode ficar no alojamento do clube a partir dos 14 anos de idade. Por isso, seus pais irão junto com ele para a capital mineira. “Estamos dando um ‘bico em tudo aqui’, no bom sentido, pra acompanhar ele”, explica o pai Carlos Alex.
A família já é bem estabilizada na capital potiguar, mas, para manter o sonho do filho vivo, vale a mudança. Pai, mãe, irmão: a intenção é que todos cheguem em Belo Horizonte no próximo ano. “A ideia, a princípio, é que a mãe dele, Vanessa, vá primeiro junto, porque ela tem uma situação mais confortável quanto ao trabalho. Assim, eu seguiria depois”, explica Carlos Alex, maior incentivador da carreira do primogênito. “Mas vai a família toda, até porque ele tem um irmão que é super apegado a ele e nós achamos que ele precisa desse apoio no início”, conta.
Os documentos para ser registrado junto à federação mineira já estão nas mãos do jovem jogador. O próximo passo é planejar a vida fora de Natal, depois de mais de um ano de ansiedade. Em janeiro ele viaja para disputar uma competição. A partir de março, estará de vez na cidade na busca do seu sonho.
Ansiedade, inclusive, que quase “mata” o pai do coração no dia da notícia da aprovação. Em todas as viagens a Belo Horizonte, Carlos Alex acompanhou o filho. Na última e decisiva, em outubro passado, Caueh pregou uma peça quase sem querer no pai.
“A gente treinou normal. Depois, ele chamou o nosso grupo e disse que nós éramos a equipe de aprovados. Eu só não gritei porque estava na frente do treinador. Mas ele avisou que a gente só poderia falar no final do treinamento”, conta Caueh.
Enquanto isso, o pai, Carlos Alex, acompanhava o treinamento por cima do muro com os outros parentes dos atletas - eles não poderiam acompanhar o trabalho dentro do local. Assim, não tinha muitas informações do que acontecia. Por isso, ao final da atividade, procurou o filho, que, tranquilo, conversava com os novos colegas de equipe.
“A gente recebeu a informação que dos 50 que estavam lá, 25 seriam escolhidos. A gente viu que o professor separou os grupos, mas não sabíamos de nada”, relata Carlos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário